sexta-feira, 28 de dezembro de 2012

Ah se os Maias soubessem...



Escrever a retrospectiva de um ano intenso (e maravilhoso) feito 2012 é fácil. A única dificuldade é que foram tantas coisas incríveis que fica difícil resumir. Para começo de conversa, entrei com os dois pés neste ano já sabendo que, pela primeira vez, entraria num avião. E a viagem não era curta: simplesmente fui parar no outro lado do mapa Mundi – nos Emirados Árabes. Isso tudo logo em janeiro... Daí não parei mais quieto. Fui à Terra dos Hermanos ver um tango no meio da rua e olhar o túmulo da Evita e “don’t cry” por ela; e na Cidade Maravilhosa, ter a sensação inenarrável de encarar “O Cara”, que continua lá, de braços abertos, para quando eu quiser aparecer novamente...
Encarei muitos desafios na profissão. Se o DIARINHO vai ser o mesmo depois de mim? Não sei. Mas tenho certeza que eu não serei mais o mesmo depois do DIARINHO. Entrevistei em português, em espanhol (enrolado) e em inglês (por vezes com ajudinha de alguém com a língua mais desenrolada que a minha). Acompanhei cada movimentação de uma CPI – a do Ruth Cardoso – e fui além, consegui, com documentos e fontes sigilosas, mostrar que o dito hospital estava na UTI. Fiz as matérias que queria... Fora as entrevistas calientes dos candidatos a prefeito. Fui parar até na Veja por causa do despretensioso “MMA dos Prefeituráveis” (http://veja.abril.com.br/blog/radar-on-line/tag/mma-dos-prefeituraveis/). Até de candidato me disfarcei para ver se o povo estava disposto a vender o voto - o que não seria nenhuma surpresa. E não foi (http://blogclaudioeduardo.blogspot.com.br/2012/10/vai-votar-por-que.html).
Vi meu amigo/irmão se casar e começar (bem antes que eu) a construir uma família – e morri de orgulho por isso. Vi muita gente... Alegrei e irritei muita gente – na mesma proporção. Encarei a cobertura de uma eleição e posso olhar de cabeça erguida para quem quer que seja: minha honestidade não tem preço (fica a dica!). E, por fim, quando o 2012 já estava quase dando “tchau!”, mais uma vez disse “sim” ao novo. Larguei o fascinante DIARINHO. Vou para o outro lado do balcão: assessoria. Se vai ser tão maravilhoso? Ainda não sei. Esse é o desafio que deixo para o 2013. Quero ver (e quero mesmo) superar isso tudo!

Se os Maias soubessem o quanto 2012 seria maravilhoso, dariam um jeito de estender um pouquinho o tal calendário.

terça-feira, 25 de dezembro de 2012

Memórias da bola de plástico e do punhado de balas de iogurte





Por Cláudio Eduardo

Dia desses, alguém encontrou uma foto de um evento de Natal daqueles onde o Papai Noel entrega bolas de plástico para um monte de crianças, junto de um punhado de balas de iogurte. E tinha um motivo para me mostrar a tal fotografia. No meio da fila gigantesca, tinha um gurizinho de uns sete anos, com cabelo bem penteado – indicando que se preparou para aquele acontecimento como quem vai para o primeiro dia de aula – e de chinelo surrado, umas Havaianas daquelas de sola branca e tira azul-claro que, como já tinha arrebentado, estava presa por um minúsculo prego, na parte debaixo da sola. Logicamente, isso não dava para ver na fotografia. Mas, passados quase 20 anos daquela tarde, ainda lembro-me da sandália. Sim, eu era aquele menino que nem se importava com a fila, com o calor ou com o chinelo velho. Só queria receber a bola de plástico – que, dias depois, iria furar num arame do pasto na frente de casa.
Mesmo hoje, com um pouco mais de habilidade no emprego das palavras, ainda é difícil justificar (ou explicar) a sensação de participar daqueles eventos. E as recordações da infância não vieram à tona apenas pela tal fotografia. Passadas quase duas décadas da época em que eu era uma das crianças que se alegravam com aquele gesto de solidariedade, volto ao mesmo cenário. Deparo-me com as mesmas crianças ansiosas pela chegada do Papai Noel para ganhar um ou mais presentes – hoje mais generosos do que a bola de plástico que eu ganhara naquele 1900 e antigamente. Desenferrujo aquela sensação... Como era possível ser feliz com tão pouco?
As recordações devem justificar o que sinto ao acompanhar novas entregas de brinquedos em eventos sociais. Fica difícil – ao menos para mim, um ex-guri-da-fila – não se emocionar. Pior ainda quando vou a locais onde sei que todas as crianças que estão lá sofreram (seja pelo abandono ou por maus-tratos). É o caso dos abrigos. Eu que nunca passei por nada parecido, pois, apesar da falta de dinheiro, tinha amor de sobra em casa, não me recordo de ter sorrido tão facilmente como eles sorriam com a chegada do bom velhinho. E minhas idas aos eventos sociais de Natal neste ano obedeciam (inconscientemente) a um roteiro: primeiro as recordações, depois a alegria, seguida da emoção... Por fim, na saída, o nó na garganta. Vontade de gritar por não ter como exigir que o mundo seja mais justo, ao menos com as crianças.

*Crônica publicada no caderno especial de Natal do jornal Diarinho (24/12/12)

sexta-feira, 7 de dezembro de 2012

LIVRE PARA DERRUBAR!


Prédio do herbário não vai mais ser tombado pelo município
Faltava apenas o prefeito assinar o decreto. Mas procurador afirma que o conselho do Patrimônio voltou atrás do parecer e, agora, se manifestou contrário ao tombamento

Por Cláudio Eduardo

Imagem: Google Street View

O prédio que abriga o herbário Barbosa Rodrigues fica a poucos metros de edificações históricas que travam um duelo arquitetônico no centro de Itajaí. E numa triste ironia à preservação do patrimônio, o prédio que é vizinho da igreja matriz do Santíssimo Sacramento, do palácio Marcos Konder e da, agora reformada, Casa da Cultura Dide Brandão, pode ser derrubado a qualquer momento. O decreto de tombamento da sede do herbário, que só dependia da assinatura do prefeito Jandir Bellini, não vai sair.
Em maio do ano passado, o DIARINHO publicou uma reportagem em que o conselho municipal do Patrimônio Cultural anunciava que todo o processo administrativo que culminaria no tombamento do prédio do herbário já estava concluído. Faltava apenas a assinatura do prefeito para que o decreto pudesse valer e, assim, garantir que a edificação não pudesse ser derrubada para a construção de um edifício comercial no terreno.
Contudo, passado um ano e sete meses, o procurador do município, Rogério Nassif Ribas, afirma que o decreto não foi assinado pelo prefeito. “O conselho voltou atrás e deu parecer contrário ao tombamento, porque o responsável pelo herbário teria dito que não tinha saúde para cuidar disso. E eles atenderam o apelo”, justifica, substituindo os argumentos do prefeito que, ontem à tarde, não atendeu a reportagem por estar numa viagem internacional.
Contra a derrubada
O superintendente da fundação Genésio Miranda Lins, Antonio Carlos Floriano, também é membro do conselho do Patrimônio Cultural. Ele conta que não participou ativamente do processo que previa o tombamento do prédio do herbário. Entretanto, diz ter presenciado muitas discussões nos últimos encontros – sempre com a sede do herbário em pauta. “O conselho é a favor do tombamento. Isso é unanimidade. Sempre que foi discutido entre os membros, foi consenso que se preserve o prédio. Mas também entendemos que é preciso conseguir meios de garantir recursos para a manutenção do herbário”, ressalta.
Hoje quem chega no prédio – que fica na avenida Marcos Konder, no centro de Itajaí – observa, logo na entrada, uma placa que diz: “essa entidade recebe verba pública: R$ 20 mil para manutenção do acervo científico e cultural”. No entanto, não há como precisar se o valor é suficiente e de quanto seria o repasse ideal, nas contas dos administradores do local. Ontem a reportagem foi ao herbário, mas uma funcionária explicou que a pessoa que responderia pelas questões administrativas não estava. E que, para conversar com ela, era preciso agendar horário.
Por que derrubar?
Desde que se levantou a possibilidade da derrubada da sede do herbário, foi ventilada a informação de que seria para a construção de um edifício comercial no terreno – de localização privilegiada. Ontem a reportagem não conseguiu mais detalhes sobre o projeto. Contudo, na matéria publicada em maio do ano passado, se falava na construção de um edifício da Mendes Sibara. Na época, o proprietário do empreendimento, Luiz Alves Mendes, falou que tudo estava no campo das ideias. “Foi um interesse pessoal meu, no dia que visitei o herbário e senti dó”, comentou. O plano dele era criar um projeto que preservasse a história, o acervo e a arquitetura do prédio. E ainda destacou que classificava o tombamento como um ato de retrocesso. “O herbário está prestes a acabar. A cidade vai perder muito, pois eles não têm condições de se manterem. As casas tombadas na nossa cidade viram cortiços”, sentenciou. Hoje não há confirmação se é a Mendes Sibara que mantém interesse no terreno do herbário.
Faz parte da história
Em 1942, com seis caixas de papelão com plantas e 15 livros, o padre gaúcho Raulino Reitz iniciou o herbário Barbosa Rodrigues, em Itajaí. Quatro anos depois, junto com outros entusiastas, ele criou oficialmente a entidade e requisitou um terreno ao prefeito da época, Arno Bauer. O prédio que hoje abriga mais de 70 mil exemplares de plantas foi finalizado em 1954. O nome do herbário é uma homenagem ao botânico mineiro João Barbosa Rodrigues, que era um especialista em orquídeas e palmeiras da Amazônia.
Já foi visitar?
Quem quiser conhecer o acervo do herbário precisa se programar. Não basta aparecer no prédio para entrar. Em dias úteis, há expediente interno das 13h às 19h. Contudo, só é aberto para visitação na segunda-feira, das 14h às 17h. E é preciso agendar previamente pelo telefone (47)3348-8725. Além disso, só é permitida a entrada de grupos com, no mínimo, cinco pessoas, não podendo extrapolar 40 visitantes por vez.

Patrimônio histórico em pauta!

A arquiteta urbanista Silvana Pitz participa do caderno “Entrevistão” que sai na edição deste final de semana, no DIARINHO. No entanto, a reportagem já antecipa um trecho do bate-papo. Silvana é membro do conselho municipal do Patrimônio e diretora de estudos e projetos na fundação Cultural de Itajaí.

DIARINHO – O prédio do herbário Barbosa Rodrigues ainda não teve o decreto de tombamento assinado pelo prefeito Jandir Bellini. Sem o decreto corre o risco de o herbário ser derrubado e a iniciativa privada usar aquele terreno para a construção de um edifício. Você teme que isso aconteça? Por que a demora para assinar o decreto?
Silvana – Eu temo sim que isso aconteça, porque o herbário é muito significativo para a nossa cidade. Ele é realmente um desses pontos que são marco fundamental para a nossa cidade. O porquê da demora do decreto ser assinado eu realmente não sei. 

segunda-feira, 26 de novembro de 2012

TIJUCAS - onde morar de frente para o mar é sinônimo de pobreza


MAR DE LAMA
Onde morar de frente para a praia é sinônimo de pobreza


Por Cláudio Eduardo
Fotos: Flávio Tin

No mapa de belas praias de Santa Catarina, Tijucas é um ponto escuro. A cidade – que pertence à Grande Florianópolis – contraria os demais municípios litorâneos do estado em que morar de frente para o mar é sinônimo de poder. Um fenômeno social causado pelo meio ambiente: de frente para a praia (que, cheia de lama, não é própria para banho), quem mora é pobre. Hoje já é possível encontrar casas mais caprichadas entre as que se enfileiram na via paralela à orla. Contudo, os barracos erguidos sobre as áreas invadidas ainda predominam. A ordem das construções é completamente oposta à dos balneários vizinhos.



Como crer que, num estado de litoral turístico feito Santa Catarina, um aposentado que recebe apenas um salário mínimo tem o privilégio de ver, da janela de casa, o pôr do sol refletido na água sem nenhuma barreira atrapalhando a vista? O pescador aposentado Gelci da Costa Amaral, que deixa o nome de batismo apenas para os documentos, se sente um privilegiado. Banga, como se apresenta, tem 68 anos e mora com a mulher e um filho numa casinha – já de alvenaria e cheia dos caprichos – de frente para o ponto em que o mar se esbarra com o rio Tijucas. E jura que não troca de endereço. Prefere a simplicidade ao asfalto da parte central do município.
“Faz uns 15 anos que mudei para a praia. Tinha pouco dinheiro, e só dava para comprar terreno aqui. Era isso ou ficar no aluguel”, conta. Além de fugir dos preços inacessíveis para o bolso de quem recebe apenas o suficiente para sobreviver, Banga conseguiu conquistar o prazer da vida de aposentado de frente para o mar. Para ele, a lama não é impedimento nas pescarias de tarrafa. “É o que eu faço para passar meu tempo. Eu mesmo faço a tarrafa e depois já posso ir ali testar. Aqui é uma maravilha”, destaca.
Tem morador que, há cinco anos, pagou apenas R$ 3 mil por um terreno de frente para a orla. Essa facilitação do preço baixo, logicamente, ressalta um ponto negativo daquela área: o aumento descontrolado na densidade demográfica, que dá espaço para a violência. Mesmo assim, Banga reluta. Acredita que, na simplicidade e no sossego, conseguiu criar um paraíso particular. “A gente sabe que tem muito bandido, mas para poder viver bem, tem coisas que temos que deixar passar despercebido”, afirma, vigiado de perto pela mulher, que apenas concorda com as respostas do marido com sorrisos orgulhosos e gestos de aprovação.

Condomínio de casas populares bem pertinho do mar? Só em Tijucas!



Acredite. Em Tijucas, famílias retiradas de área de risco ganharam, há três anos, casas na praia. A aposentada Maria dos Santos Fagundes Souza curte os 69 anos de idade na calmaria de um conjunto habitacional feito por um projeto social entre a prefeitura e o instituto Ressoar, da Rede Record. Ela morava em um bairro do interior do município. Mas, com a casa condenada pela Defesa Civil, recebeu, em setembro de 2009, um novo lar. E de frente para o mar. “Nunca imaginei que moraria tão perto da praia. Muito menos ganhando a casa”, comenta, garantindo que está mais que satisfeita com as surpresas da vida. Hoje, onde ela mora, consegue driblar o calor do verão com o vento que vem direto do mar. E não nega ter a vida que, anos antes, nem ousara sonhar.
Enseada é um paraíso esquecido

Tijucas/SC - População estimada: 32.087 PIB per capita: R$ 18.425,83 Incidência de pobreza: 29,45%


De ponta a ponta, a praia de Tijucas tem quase 13 quilômetros de extensão – mais que quatro vezes o tamanho da praia Brava de Itajaí, por exemplo. Mas apenas ao longo de três quilômetros há casas. Da areia, é possível avistar ao longe, numa cruel ironia àqueles que vivem de frente para o mar lamacento, o verde da água. Ainda, é possível visualizar os morros das praias vizinhas, que são pontos turísticos disputados no verão (enquanto Tijucas continua desprezada, por não ter condições de balneabilidade): Governador Celso Ramos, Porto Belo e Bombinhas. Fora a ilha do Arvoredo, num horizonte bem distante.
E justamente os paraísos que rodeiam que são considerados parte das causas de tanta lama. O professor do curso de Oceanografia da Univali e doutor em Geologia Marinha, João Thadeu de Menezes, estuda a região desde 2004. Ele explica que o rio Tijucas deposita grande quantidade de sedimentos finos no mar – como qualquer rio daquele porte. Contudo, a diferença está na geografia. Por estar completamente circulada por morros, a praia de Tijucas não consegue receber ondas influenciadas pelos ventos, que seriam a energia para rebater a deposição dos sedimentos finos. E, por ser uma enseada completamente fechada, a lama estaria se acumulando ao longo de mais de cinco mil anos. Menezes diz que, numa medição feita para o estudo da área, concluíram que a camada de lama tem 17 metros de profundidade.
Junto com a explicação, vem a triste notícia para os que têm esperança de que um dia a praia ficará própria para o banho. “Não há como mudar. É a característica natural do ambiente. Existe a possibilidade de tirar a lama? Não sei, talvez alguma tecnologia da engenharia possa fazer isto. Mas a característica do ambiente é a deposição de lama. Se tirarem, um dia vai voltar”, afirma o especialista.
Planície rara no país
De acordo com Menezes, a característica do mar se estende, na verdade, da planície terrestre do município. Ele diz que, no Brasil, só há uma praia do Norte com a mesma característica de Tijucas, que classifica como Planície de Chenier. “Basicamente, as árvores só crescem enfileiradas aos cordões arenosos. Na praia, essa parte de areia fica mais evidente: são 300 metros de lama, depois uns 50 ou 100 metros de areia, depois mais 300 metros de lama... E assim por diante”, explica o especialista. Ele ainda ressalta que não basta criar um molhe para conter os sedimentos finos. A praia de Tijucas está condenada pelas características da superfície. “É a dinâmica do meio ambiente. Deveriam, sim, pensar no rio, que transporta muita sujeira, e também na criação de políticas públicas para a limpeza da praia”, aconselha. Como o mar não é próprio para banho, ao longo dos anos há quem encare a orla como depósito de dejetos: jogam lixo e até animais mortos, evidenciando ainda mais o abandono de uma enseada que, não fosse a lama, inverteria o mapa urbanístico da cidade.

Projeto de construção de molhes prevê gasto de R$ 26 milhões



Entre os moradores de Tijucas, a praia tem nome. Numa alusão irônica à carioca Copacabana, chamam a versão lamacenta de “Copalama”. Tão velhas quanto o apelido são as promessas de limpeza do mar, que aumentam a esperança dos tijucanos de, um dia, crescerem a partir do turismo de verão, como os municípios vizinhos. Contudo, nenhuma promessa com relação à enseada saiu do papel até hoje.
No entanto, pelo que diz o prefeito Elmis Mannrich, há projetos mais perto de chegarem à execução. “Temos encaminhado o desassoreamento do rio e o projeto de afixação dos molhes, inclusive com licenças prévias”, comenta. O orçamento para que a obra saia está na casa dos R$ 26 milhões. O prefeito garante que o projeto já está inscrito em dois Ministérios e que, como a arrecadação do município é pequena, está atrás de apoio dos governos federal e estadual para que vire realidade.
Mesmo com a execução do desassoreamento do rio Tijucas e com o molhe, Mannrich não arrisca afirmar que o município terá um mar próprio para banho. “Uns dizem que não tem jeito. Outros dizem que, com o molhe, uma parte da praia ficará boa para banho. O projeto é para beneficiar o tráfego no rio. Quanto à praia, só depois da obra executada para saber se teve ou não algum impacto favorável”, explica o prefeito. Independentemente da qualidade da água, ele promete a revitalização dos arredores. “O projeto contempla a orla, com urbanização de parte da praia, que hoje é uma área muito feia”, reconhece.


sexta-feira, 16 de novembro de 2012

Ataques e mortes em Tijucas e Itapema


Microempresário de Tijucas perdeu o único ônibus da empresa

Dos 22 ônibus incendiados esta semana no estado, três foram numa mesma noite e em menos de duas horas


Texto: Cláudio Eduardo
Fotos: Flávio Tin
Reportagem publicada no jornal Diarinho de 16/11/2012





Desde o começo da semana, 22 ônibus foram alvo de ataques em Santa Catarina. Nesta lista, três são de Tijucas, todos numa mesma noite e em menos de duas horas. Ontem os veículos incendiados atraíram curiosos. Quem passava dava uma paradinha para ver o estrago. Outros, menos discretos, faziam questão de fotografar a desgraça.
O último dos três ônibus a ser alvo de atentado estava estacionado na rua Justino Soares, no bairro da Praça, bem ao lado da escola municipal Deputado Walter Vicente Gomes. Era por volta das 23h de quarta-feira quando o dono do veículo soube que haviam atacado outros dois ônibus na cidade. Quando pensou em ir tirá-lo da rua, já viu as chamas. De acordo com a esposa dele, a costureira Djane Letícia Vill, 20 anos, o fogo era tanto que o marido chegou a tentar fazer algo, mas ficou sufocado com a fumaça e teve de esperar pelos bombeiros.
“Ele está sem chão no momento. Não dormiu a noite toda... Mas vai conseguir tudo de novo!”, acredita Djane, que não quis acordar o marido ontem à tarde pra falar com o DIARINHO, justificando que, enfim, ele tinha conseguido dormir. E o desespero dele é justificado. O ônibus da Rony Tur ficou completamente destruído. Os bombeiros usaram três mil litros de água pra conter as chamas, mas o veículo já estava detonado. “Quando eu vi na internet que já tinham colocado fogo em um, ele pensou em levar o ônibus pra outro lugar, só que eu não deixei porque fiquei com medo que eles tacassem fogo com ele dentro”, conta a costureira. Na firma de Rony, esse era o único ônibus e ele usava pra transportar funcionários pra uma empresa de malhas no bairro Nova Descoberta. E não tinha seguro.
Outros dois...
O segundo ônibus atacado não sofreu muito estrago. Era um da empresa Juliva, que estava estacionado na rua 13 de maio, no centro de Tijucas. Deu tempo de moradores apagarem as chamas antes que se alastrassem. Depois, foi levado pro pátio da empresa.
Em compensação, lá pelas 21h30 de quarta-feira, o primeiro veículo atacado em Tijucas ficou na carcaça. O ataque foi no final da rua Alvina Simas Reis – que fica próximo a dois pontos considerados perigosos pela polícia: o Casarão e o Jardim Progresso. Pra conter as chamas do ônibus de transporte escolar da prefeitura de Porto Belo, os bombeiros usaram 3,5 mil litros de água. Mas o fogo já havia destruído o ônibus. Uma carreta que estava estacionada ao lado teve a pintura e os para-lamas danificados.

PM prende suspeito com três bananas de dinamite e diesel um dia após ele sair do presídio



Na manhã seguinte aos três atentados que deixaram a população de Tijucas assustada, a polícia Militar conseguiu prender um suspeito de ter participação desta onda de ataques. Robson Willian Oliveira, 22 anos, foi preso menos de 24 horas depois de ter sido solto do presídio de Tijucas. Com ele foram encontrados uma garrafa pet com óleo diesel e três bananas de dinamite. Ontem à tarde ele foi encaminhado pro presídio da Canhanduba, em Itajaí. Na delegacia, ele não assumiu participação nos atentados e nem revelou o que fazia com os explosivos em casa.
De acordo com a PM, uma viatura fazia rondas na localidade do Jardim Progresso quando achou um homem suspeito. E o cara resolveu fugir ao avistar os policiais. “Nós fomos atrás dele, porque não era normal estar fugindo. Mas quando entramos, nos deparamos com o Robson. Fomos averiguar e encontramos o diesel e as bananas de dinamite escondidas num armário”, comenta um dos soldados envolvidos na prisão, que aconteceu por volta das 9h30 de ontem. Os policiais ainda encontraram um aparelho de celular com mensagens e números de telefones que consideraram suspeitos – que serão investigados pela polícia Civil. Robson tem passagem por tráfico e roubo.


PRIMEIRA MORTE
Tacou fogo na Praiana, trocou tiros com a PM e acabou no IML

Dupla de bandidos parou um ônibus, mandou os passageiros descerem e atearam o fogo. Confusão rolou em plena luz do dia, em Itapema

 



Itapema estava, até ontem à tarde, na lista de cidades da região que tinham ficado de fora dos atentados. Nenhum veículo tinha sido queimado. Nenhum tiro tinha sido disparado. Contudo, às 16h, isto mudou. Dois homens armados abordaram um ônibus, jogaram gasolina sobre o motorista, expulsaram os passageiros e tacaram fogo no buso. Depois, na perseguição com a polícia, rolou troca de tiros. Um deles foi atingido por dois disparos, levado ao hospital e morreu pouco depois. O outro conseguiu fugir por um matagal. O motorista, apesar de ter ficado em estado de choque, saiu ileso. Foi a primeira morte nesta guerra declarada que começou no início da semana.
Um ônibus da Viação Praiana seguia pela rua 406, no bairro Morretes, rumo ao Sertão do Trombudo. Além do motorista, seis passageiros estavam no veículo quando uma moto escura os interceptou e, armados, ordenaram que a porta fosse aberta. Depois, mandaram todo mundo sair, enquanto uma arma era apontada pra cabeça do motorista. A dupla começou a encharcar os bancos com gasolina. E, pra aterrorizar ainda mais, ensoparam o motorista com o combustível. Ele só não se machucou porque fugiu tão logo eles acenderam o fogo dentro do ônibus.
De acordo com o gerente de tráfego da Praiana, Aldo Mário Leite, o motorista teve de ser levado para o hospital de Itapema por duas razões: tinha passado mal com o cheiro da gasolina e também estava em estado de choque. “O que fizeram com ele foi um terrorismo. Ele pensou que ia morrer”, comenta. Aldo diz que o ônibus não ficou completamente detonado porque um homem que morava perto de onde aconteceu o atentado tinha um jato d’água e controlou as chamas antes que se alastrassem. Mesmo assim, fez estrago na parte da frente do veículo. “Os motoristas estão assustados. Acho que sem um policial dentro do ônibus não vamos poder trabalhar. Paralisação total é uma possibilidade”, afirma o gerente de tráfego.
Perseguição e tiros
Logo depois do atentado, a polícia Militar saiu em perseguição à dupla, que fugia numa moto Honda CG 150 cinza escuro. Num determinado ponto da rua 406 B, começou a troca de tiros. O vidro traseiro de uma das viaturas foi estilhaçado, além de alguns furos atingirem a parte da frente. Mas nenhum policial foi atingido. Em compensação, um dos homens que fugia levou dois tiros: um no antebraço e outro no peito. Com a rua lotada de curiosos, começaram a chegar mais viaturas da PM e, por fim, ambulâncias do corpo de Bombeiros. O carinha chegou a ser levado pro hospital de Itapema, entretanto, morreu pouco depois. Foi a primeira morte no estado por causa dos atentados desta semana.
Mais tarde, a polícia identificou o homem que morreu na troca de tiros. Era Jeferson Belo. Segundo informações da delegacia, apesar de ter apenas 23 anos, o rapaz tinha uma ficha de veterano do crime, com passagens por presídios de vários municípios catarinenses, quase todas as vezes por roubo. Jeferson era natural de Foz do Iguaçu/PR, mas morava em Itapema. O corpo foi levado no fim da tarde pro instituto Médico Legal (IML) de Balneário Camboriú.
Conseguiu fugir...
O outro homem que teria participado do atentado à Praiana conseguiu fugir. Pouco depois que o corpo do comparsa tinha sido levado pro hospital, a polícia foi pra um matagal no bairro Morretes onde o foragido teria se escondido. Não acharam o cara, mas encontraram a moto da fuga lá, abandonada. Minutos depois descobriram que era roubada. Pertencia a um mototaxista do bairro que tinha sido assaltado à mão armada fazia uns 15 dias. As buscas pelo foragido continuaram naquela região. Até ontem à noite, ele não tinha sido detido.

PM mata dois suspeitos de tramarem vingança contra policiais
A morte de um envolvido nos atentados em Itapema, ontem à tarde, teria motivado mais duas mortes ontem à noite, só que na vizinha Tijucas. Os serviços de inteligência das polícias Militar e Civil receberam denúncia, pelas 21h, de que dois homens estavam indo pra Itapema com a missão de vingar a morte de Jeferson Belo. O alvo seria qualquer policial militar – não necessariamente o mesmo que atirou no rapaz que foi pro além depois de tacar fogo num ônibus da Praiana. E passava das 22h quando dois suspeitos foram mortos pela polícia, após troca de tiros.
De acordo com informações do comando estadual da PM, os militares do município estavam fazendo abordagens junto com o grupamento de Choque de Floripa, no loteamento Jardim Progresso, quando foram parar a dupla – que não tinha sido identificada. Eles teriam reagido e disparado contra os policiais. Nenhum fardado foi atingido. No entanto, os dois suspeitos sim. Um morreu no local, outro no caminho pro hospital. Os corpos foram pro IML de Balneário Camboriú.
O delegado Weidson da Silva disse que aguardaria ter a identificação da dupla para, então, poder analisar se havia relação deles com os atentados ou se eram apenas criminosos foragidos que se sentiram acuados e, portanto, reagiram. “Não sei se tem vinculação direta com os ataques. Mas sei que naquela localidade tem muitos egressos do sistema prisional ou foragidos. Podem ter se sentido ameaçados”, avalia.

sábado, 6 de outubro de 2012

VAI VOTAR POR QUÊ?


Candidato de mentira flagra eleitor que vende o voto em Itajaí


“Quem me ajudar, eu ajudo”, disse o eleitor, que já admitiu ter ganho um poste de uma candidata, mas que estava disposto a mudar o voto por uma carrada de barro





Por Cláudio Eduardo
claudio@diarinho.com.br



Quer pagar quanto? Entra eleição, sai eleição, e a compra de voto está em pauta. Nas mesas de bar, uns falam orgulhosos: “se me pagar, eu voto”. Há os que não querem dinheiro, mas usam o voto como barganha por cargos públicos ou vantagens. E muitos dos candidatos já traçam toda a estratégia de campanha pensando em como usar do poder econômico para se darem bem nas urnas. Por isso tudo, não são raras as denúncias de compra de votos estampando as páginas dos jornais. Entretanto, cabe um questionamento: a culpa é só do político?
Para olhar este assunto de um prisma diferente, o DIARINHO criou um candidato falso para – misturado aos 267 candidatos a vereador devidamente registrados em Itajaí – ir às ruas pedir votos. Devidamente munida com material de campanha, a equipe escolheu uma via na região da Fazendinha para abordar possíveis eleitores. E numa saída de apenas 10 minutos, encontrou três casos bem distintos e que demonstram as diferentes posturas do eleitor, que não é algo exclusivo de Itajaí. Se algum candidato ler esta reportagem, vai pensar: “isso não é nada! Já vi coisa muito mais emblemática”. E com certeza deve mesmo ter visto.
Na primeira abordagem, parecia que a tão repetida tese de que o eleitor se corrompe iria cair. O “eleitor 1” olhou as propostas expostas no santinho. Foi além. Demonstrou curiosidade sobre o partido (o PMN – Partido do Movimento Social – inventado pela reportagem para não se apropriar de sigla já existente) e ainda questionou o fato do candidato não ter apresentado coligação apoiando algum dos três prefeituráveis do município. Numa investida da equipe para saber se ele queria algo, comentou o que o bairro precisava: segurança e atenção aos problemas de trânsito. E resistiu mesmo quando a pergunta foi mais direta: “o senhor ou alguém da sua família não precisa de nada?”. Foi exemplar.
Na segunda casa, a equipe disfarçada foi atendida por um senhor que estava trabalhando. Ele recebeu p material, ouviu o pedido de voto e apenas informou que morava havia pouco tempo na região e, portanto, não votava em Itajaí. Contudo, revelou que o domicílio eleitoral dos três filhos e da esposa era no município. Pediu que o candidato passasse outra hora para conversar com a família. Questionado sobre a possibilidade de colocar placas na frente da casa ou de botar adesivos no carro, disse que não faria isso porque trabalhava em algo ligado ao público e não gostaria de demonstrar compromisso com nenhum político para não espantar os clientes.
Metros depois, um homem que trabalhava na frente de uma residência – o “eleitor 2” – não demorou muito para soltar um “quem me ajudar, eu ajudo!”. E abriu no diálogo a brecha para dizer o que queria em troca do voto. Ele afirmou que já havia ganho um poste de outra candidata. Mas reforçou que o voto era secreto e, portanto, estava disposto a não ser fiel à pessoa que já o tinha pago. Só que, para isso, também tinha um preço: queria uma carrada de barro. Além disso, informou que tinha um vizinho que também precisava de um poste. Seria mais um voto que garantiria ao aspirante de parlamentar. Entretanto, nem o “eleitor 2” e nem o vizinho ganharam algo do falso candidato – que também não iria ganhar o voto. Sem contrapartida, nada feito!

Material feito em menos de meia hora




Tão rápido quanto os 10 minutos da saída para ouvir os três eleitores foi a preparação do material de campanha. Em menos de meia hora deu tempo do fotógrafo fazer o clique do falso candidato; do arte finalista do DIARINHO criar o logotipo do partido e produzir o santinho; e, neste processo, o mais rápido foi a criação das propostas da coligação – também inventada – “Mais, melhor e para todos”.
Da mesma forma que muitos candidatos fazem ao se lançar na campanha, a reportagem ficou nas generalidades. Porque ver se algo é viável se, para o momento, só o que quer é impressionar o eleitor e conquistar o voto? Propostas com verbos “lutar”, “apoiar” e “fiscalizar” parecem fortalecer o material – mesmo que, na prática, a luta e o apoio não possam ser medidos e a fiscalização seja uma obrigação. E há ainda o “criar”. Que, no caso específico do candidato do DIARINHO, se apropriou de um assunto que esteve recentemente na mídia para incrementar no discurso político: as capivaras no Saco da Fazenda, com a promessa de criar uma área de proteção aos roedores.
Como o candidato não existe, as propostas não vão sair do papel. Não se depender da eleição dele. Contudo, se algum dos políticos da região se interessar, pode sim se apropriar de qualquer uma das ideias. Só não pode se apoderar se for apenas para ludibriar o eleitor. Disto, o povo já está cheio.



Olhou, questionou e ficou de analisar as propostas



Assessoria: O que o bairro tá precisando?
Eleitor 1: Sempre precisa de alguma melhoria, né?
Assessora: Mas tem alguma coisa específica que vocês estão precisando, que não estão sendo ouvidos?
Eleitor 1: Acho que o principal, e que todo mundo pede, é a segurança. O bairro aqui é calmo, mas pensando no geral. E o trânsito, que é problema de anos, e não é só problema de Itajaí. É de Balneário também.
(...)
Eleitor 1: Mas esse partido veio de onde?
Candidato: De jovens. Tanto que estamos com poucos candidatos... Formado por jovens, com propostas novas.
Assessora: Pra dar uma nova cara pra política.
Candidato: Justamente agora que estamos com 21 vagas sendo disputadas, então estamos com esperança de que pelo menos um suba. Por isso a gente  está com chapa pura, para tentar imprimir...Por isso que a gente não tá apoiando nenhum prefeito. Que aí, independente de quem ganha, a gente vai lá pra fiscalizar. Pra não ter rabo preso com nenhuma chapa.
Eleitor 1: Sim, claro.
(...)
Assessora: E pra tua família, tem algo que tu precise? Alguma coisa que a gente possa te ajudar pra ti ajudar o candidato?
Eleitor 1: Não. A princípio tá tudo dentro dos conformes. Não tá tudo, mas dá pra levar. Eu entendo a situação de vocês que são de partido novo... Mas é isso aí. O que vocês estão fazendo é certo: não ter coligação, rabo preso pra poder chegar lá e bater de frente.
Candidato: É a melhor coisa. Senão, chega lá, fica amarrado e não faz nada.


Até vota...
Mas se ganhar pelo menos uma carrada de barro do candidato



Assessora: Olá, boa tarde. Queria apresentar aqui o nosso candidato.
Candidato: O senhor mora aqui mesmo?
Eleitor 2: Moro nos Cordeiros.
Assessora: E o senhor já tem candidato?
Eleitor 2: Já. Já tenho porque me ajudou a colocar luz, né! Ajudou a colocar o poste lá.
Assessora: Mas o que mais o senhor tá precisando? Não é só de luz que o senhor precisa..
Candidato: E a família, tá toda decidida? Não tem nenhum votinho sobrando?
Eleitor 2: Dai eu não sei.
Candidato: e não tem mais nada lá que está precisando? Eu tô precisando desse voto, agora eu quero saber o que o senhor tá precisando.
Eleitor 2: Tem um cara lá que tá precisando pra colocar a luz que cortaram, porque o relógio dele tá estourado.
Assessora: E o teu também?
Eleitor 2: O meu eu consegui botar.
Assessora: Tu falou que o candidato ajudou, né? No que ele ajudou?
Eleitor 2: Ela ajudou a colocar a luz, porque era área invadida, né? Aí eu consegui botar luz. Aí ela fez um papel lá, um cadastro.
Assessora: E o que tu precisa, além de luz, que a gente possa te ajudar? Porque tua família é grande, sempre dá pra dividir o voto.
Eleitor 2: Foi o que eu falei: quem me ajudar, eu ajudo"
Candidato: E o que tás precisando?
Eleitor 2: Barro. Porque lá, quando dá maré, enche. sabe que o voto é secreto, né?
Candidato: E quanto de barro precisaria?
Eleitor 2: Uma carrada.
Assessora: E com uma carrada o senhor consegue quantos votos pra gente?
Eleitor 2: Sabe que o voto é secreto, né cara? Se me ajudar... Eu falei pra votar, mas, me ajudando...

Só para refletir!
A reportagem não quis expor ninguém e nem atrapalhar o eleitor no processo de escolha. Portanto, as três pessoas que receberam o santinho do falso candidato foram avisadas por telefone que se tratava de uma reportagem e que o político era, na verdade, um jornalista do DIARINHO.

sábado, 29 de setembro de 2012

DEBATE EM TIJUCAS - QUEM GANHOU?

Candidatos de Tijucas se enfrentam faltando uma semana para o fim da campanha


Texto e fotos: Cláudio Eduardo

Enquanto do lado de fora da câmara de vereadores de Tijucas “periquitos” e “canários” travavam uma disputa de gritos – aplausos e vaias – e na caixa de som, os candidatos Adalto Gomes (PT) e Valério Tomazi (PMDB) se alfinetavam dentro da sede do poder legislativo. Restando apenas uma semana para se fazer campanha eleitoral, os dois prefeituráveis tentaram, à base da saliva, ganhar o voto do eleitor indeciso no debate da Rádio Vale.
Cada um dos candidatos tinha o direito de convidar um político para assessorá-lo ao longo do embate. E, como já previsto, por trás de Valério estava o atual prefeito Elmis Mannrich (PMDB); e com Adalto estava justamente o adversário de Elmis na eleição de 2008, Roberto Vailati (PT). Contudo, com os microfones ligados, os dois políticos que faziam as vezes de assessores, colaboravam no máximo com olhares – que em alguns momentos eram vagos e em outros provocativos.
De um lado, respaldado pelo fato de ser o candidato do único prefeito já reeleito em Tijucas, Valério usava o discurso da continuidade: “já fizemos, vamos fazer mais!”. Por outro lado, Adalto usava o partido como argumento favorável: “apoiamos o governo federal, e lá vamos ter vez e voz!”. Quem venceu? Quem convenceu? Que venha o dia 7 de outubro para responder.


Valério: O senhor diz que construirá a Estação de Tratamento de Esgoto. Mais uma razão para não ser eleito, porque fala que vai construir algo que já está sendo construído. O que acha do saneamento do nosso município?
Adalto: A questão da construção da Estação de Tratamento de Esgoto é uma luta que já vem lá de trás. A administração que o senhor faz parte titubeou várias vezes em buscar recursos. Foi o vice-prefeito da época, o Roberto Vailati, quem lutou para sair essa Estação. O senhor enquanto engenheiro deveria estar preocupado porque estão construindo numa região onde alaga. Como vão fazer quando tiver uma enchente e a Estação ficar no meio da água?
Valério: O projeto está protocolado em Brasília, em dois ministérios. Foi obra do prefeito Elmis, quando o vice que o senhor mencionou já tinha largado o barco, em 2008.
Adalto: O senhor está mal informado. O projeto aconteceu em 2005, eu estava no ministério quando foi anunciado.


Adalto: Primeiro, o que o senhor propõe para uma situação que vem se arrastando no município, que são os andarilhos? E o que propõe para mobilidade urbana? Porque os deficientes físicos estão sofrendo muito...
Valério: Sobre os andarilhos, a Assistência Social tem feito um trabalho muito forte. E vamos construir uma casa de passagem. Esse problema não é só de Tijucas, mas aqui tem cidades turísticas que desovam estes cidadãos. E nós vamos respeitar essas pessoas. Quanto à mobilidade urbana, a parte de acessibilidade é algo que vem de outros governos, jamais foram feitas obras respeitando isso. Mas já se avançou muito.
Adalto: Quero lamentar essa sua posição. Eu sou contra a casa de passagem em Tijucas, porque a maioria dos andarilhos é dependente químico e muitos saíram do presídio. Temos que mandar essas pessoas para casas de tratamento de dependentes químicos, de preferência bem longe de Tijucas.
Valério: ele pode discordar de qualquer coisa, porque ele só lamenta mesmo. Só lamenta!


Valério: No seu programa eleitoral o senhor citou como compromisso a ponte da Itinga. Como ficou sua principal proposta se o problema já está sendo resolvido?
Adalto: Não vote em candidato que faz vocês sofrerem! O sofrimento de um ano esperando por uma obra caracteriza até falta de respeito com vocês. As condições daquela ponte não têm futuro. Não vai muito longe aquela ponte.
Valério: O senhor faltou com a verdade para com o povo da Itinga, porque já sabia que o processo licitatório estava aberto quando falou para o povo que ia atrás de recursos. Esforço do prefeito Elmis não faltou.
Adalto: Não sou acostumado com a inverdade, até porque sou um político ficha limpa.


Adalto: Qual sua proposta para um grande drama que temos hoje em Tijucas, que é o transporte de pessoas que precisam de atendimento na saúde para Florianópolis?
Valério: Nós vamos continuar dando atenção. Já fizemos muito por saúde e vamos continuar. Quanto à questão do transporte, não é responsabilidade do município. Atendimentos de alta complexidade são de responsabilidade do governo federal e do estado. Mas nós não vamos negar. Jamais. Vamos buscar em casa, levar, trazer e devolver em casa.
Adalto: Durante esses oito anos, muita coisa deixou de ser feita, o que faz com que muitas pessoas tenham que ir para Florianópolis. E o seu programa é continuar maltratando as pessoas, tendo que ir para a estrada atrás de tratamento? Essa semana teve mais um acidente com ambulância de Tijucas que levava pacientes para Florianópolis.
Valério: Acidente ocorre todos os dias e com quem estiver na estrada. Não é por isso que vamos nos retrair.